sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Voltei aqui e...

Dancei novamente no blog para vocês que me acompanham ou querem me acompanhar...
Para vocês vou falar um pouco, das várias danças que fui tendo ao longo da vida, danças essas que me quebravam sempre que me deixava ir, sem querer saber dos obstáculos, não tinha medo de nada queria era dançar o tempo todo, até me tornar inconsciente do meu corpo, da minha alma, da minha vida.
Essa dança toda gente a dança, é a dança que se tem enquanto crescemos.
Houve uma dança que me abalou...
Perguntam vocês...uma dança que te abalou? como assim? que dança é essa?...
A dança da perda...todos temos essa dança connosco, quer queiramos quer não mas temos, uns aguentam outros vão aguentando mas na maioria vão abaixo e não aceitam.
Posso dizer que eu tive as três coisas...houve uma altura que não aceitava, não estava preparada para aceitar, não sei definir o que sentia na altura, era um vazio que doía, com o tempo a minha dança deixava-me sem forças, queria dançar e ia abaixo sentia as pernas tremulas, o corpo quase sem sentir o meu corpo interno, mas com muito esforço fui lutando e aguentando, levou o seu tempo, levou anos, mas hoje digo que venci essa dança e agora aceito e aguento, mas mais do que isso, a dança que falo é uma dança só.

Pois é... esta dança têm um nome, um nome dito por toda raça humana em que se aprende a dizer uns com facilidade outros com o seu tempo, nome esse com o seu peso em forma de amor, Pai , pois é exactamente esse o nome Pai nunca vos falei dele, talvez seja hoje a altura de vos dar a conhecer um pouco da dança que falo com um nome Manuel Paiva meu Pai. 
Uma dança forte, uma dança do mundo para o mundo, uma dança com tanto para dizer, uma dança dedicada e cheia de sabedoria para espalhar...
Uma dança que deu vida a mais seis danças vivas e dançadas na forma feminina e masculina, seis danças em formas  de cores e cor, danças africanas num misto portugues em que as raizes são as mesmas, mas a almas não, cada uma individual e a sua maneira...

Dançou a dança dele protegende-nos e lutando, para que hoje, pudessemos dançar a nossa dança com a mistura do ritmo que deixou em cada bater do nosso coração, em cada correr do nosso sangue em todas as veias misturadas no nosso corpo e a cada respiraçao, dançou a dança da humildade, do seu saber dar, construir, partilhar e do seu não desistir, junto com a força que o transformava em nosso Pai.
Hoje falo com um ritmo de dança diferente que tem na saudade o seu sorrir e rir, a sua voz forte, segura e aventureira nas histórias contadas e vividas, a cada momento do seu ensinar, das suas viagens e conquistas.

Hoje enquanto escrevo confesso que choro a sua ausência com um sorriso nos meus lábios por saber que eu fui escolhida também para fazer parte das outras danças que tu meu Pai deixaste, a dança Mãe, a dança Toninho, Mira, Dina, Jaime e a dança Pedro, em cada dança deles fui buscar o ritmo de cada um para aprender a dançar com eles.
Obrigada a ti dança Pai 
Obrigada por teres sido a dança de muitas danças deixadas na nossa terra chamada a Mãe Terra a Mãe Africa
Moçambique
Obrigada pelos três anos de dança que tive lá em que hoje é o dia que vejo nitidamente o quanto era fácil ser feliz, apesar do muito tinha o mais importante, as danças humanas em forma e na forma de amor que espalhava na riqueza da terra que nos alimentava, no som dos tambores tocados pela sabedoria das danças já envelhicidas mas cheias de riqueza na alma que transbordavam a cada gesto feito, por cada sorriso sincero e fácil de retribuir, por cada som das musicas cantadas com alma por cada dança presente

Hoje sou uma dança corpo aqui
Mas a dança da minha alma esta onde tu meu Pai construíste a tua dança
Moçambique.

Glória Paiva